sábado, 23 de março de 2013

Histórias do Rio Parnaíba



Histórias do Rio Parnaíba







    O Rio Parnaíba nasce na Chapada das Mangabeiras com o nome de Riacho de Água Quente, no extremo sul, a uma altitude de 709m. Banha 22 municípios piauienses e serve de divisa entre o Piauí e o Maranhão, desaguando no Atlântico em forma de delta, depois de percorrer 1485km. A cinquenta quilômetros de sua nascente, o Água Quente recebe a corriola, principal curso d’agua da região, e passa a formar, a partir daí, o Rio Parnaíba, que se movimenta no sentido norte sul com uma declividade de 41,6m por km.


    Entre o século XIX e XX algumas expedições percorreram o Rio Parnaíba. A primeira, ocorreu  em 1870, foi conduzida pelo alemão Gustav Dodt, que tinha como objetivo estudar a fauna e a flora da região. Em 1924, a segunda missão foi dirigida pelo Exército Brasileiro, que tinha como finalidade a demarcação exata das divisas entre os estados do Piauí, Maranhão e Goiás.


    No século passado o Rio Parnaíba era o responsável pelo transporte de diversas mercadorias, além de transportar passageiros para diversos lugares do Piauí. A navegação era feita por vapores e barcas. Sendo organizada por empresas particulares ou do governo.


    O vapor Parnaíba, que fazia a linha Teresina/Floriano/Teresina, tinha uma tripulação composta de três carvoeiros, três fundistas, dois maquinistas, quatro marinheiros, dois pilotos, um capitão, um imediato, um cozinheiro e um taifeiro totalizando dezoito pessoas que conduziam mais de cem passageiros.


    Os produtos que eram comercializados nessa época eram tucum, babaçu, cera, couro de boi, algodão e outras cargas para Parnaíba e voltavam carregados de sal e outras mercadorias.


    No ano de 1926 houve uma grande enchente que alagou grande parte da beira  do Rio Parnaíba. Para conter o lamaçal, a solução encontrada foi aterrar com palha de arroz, numa tentativa de minimizar os problemas surgidos depois que as águas baixaram. Daí, a denominação dada de “Palha de Arroz” ao  trecho entre o fim da Avenida José dos Santos e Silva e a Praça da Bandeira.


O cantor, compositor e poeta piauiense Climério escreveu a música “Palha de Arroz”, que retrata com saudosismo a época em que o rio teve seu apogeu sendo muito importante para a vida do Estado do Piauí.




Palha de Arroz



“O rio beirando  a rua

Num arremedo de cais

O vapor de Parnarama

Chegando de Palmeirais

O velho homem do porto

De olhos postos no rio

Sentido todo o vazio

De sua pobreza em paz

Maria boca da noite

na pensão familiar

Tem nos olhos de manhã

A luz clara do luar

Cadê teu povo noturno

Teu povo maior Maria

Teus operários da noite

Nas oficinas do dia

Ali onde habitou

A rua cheia de tédio

Hoje mora outra dor

Feita de casa e de

prédios

Já nem sei se essa rua

Realmente existiu

Ou se foi obra de algum

Bêbado

Num acesso de poesia

Vendo no rio outro

Sonho

Mais refletido que a lua

Inventou um cais

Tristonho

E os habitantes da rua”.



Fonte: Piauí Terra Querida, de Eneas Barros.

Nenhum comentário:

Postar um comentário