Histórias do Rio Parnaíba
O Rio Parnaíba nasce na Chapada das Mangabeiras com o nome
de Riacho de Água Quente, no extremo sul, a uma altitude de 709m. Banha 22
municípios piauienses e serve de divisa entre o Piauí e o Maranhão, desaguando
no Atlântico em forma de delta, depois de percorrer 1485km. A cinquenta quilômetros
de sua nascente, o Água Quente recebe a corriola, principal curso d’agua da
região, e passa a formar, a partir daí, o Rio Parnaíba, que se movimenta no
sentido norte sul com uma declividade de 41,6m por km.
Entre o século XIX e XX algumas expedições percorreram o Rio
Parnaíba. A primeira, ocorreu em 1870,
foi conduzida pelo alemão Gustav Dodt, que tinha como objetivo estudar a fauna
e a flora da região. Em 1924, a segunda missão foi dirigida pelo Exército
Brasileiro, que tinha como finalidade a demarcação exata das divisas entre os
estados do Piauí, Maranhão e Goiás.
No século passado o Rio Parnaíba era o responsável pelo
transporte de diversas mercadorias, além de transportar passageiros para
diversos lugares do Piauí. A navegação era feita por vapores e barcas. Sendo
organizada por empresas particulares ou do governo.
O vapor Parnaíba, que fazia a linha
Teresina/Floriano/Teresina, tinha uma tripulação composta de três carvoeiros,
três fundistas, dois maquinistas, quatro marinheiros, dois pilotos, um capitão,
um imediato, um cozinheiro e um taifeiro totalizando dezoito pessoas que
conduziam mais de cem passageiros.
Os produtos que eram comercializados nessa época eram tucum,
babaçu, cera, couro de boi, algodão e outras cargas para Parnaíba e voltavam
carregados de sal e outras mercadorias.
No ano de 1926 houve uma grande enchente que alagou grande
parte da beira do Rio Parnaíba. Para
conter o lamaçal, a solução encontrada foi aterrar com palha de arroz, numa
tentativa de minimizar os problemas surgidos depois que as águas baixaram. Daí,
a denominação dada de “Palha de Arroz” ao
trecho entre o fim da Avenida José dos Santos e Silva e a Praça da
Bandeira.
O cantor, compositor e poeta piauiense Climério escreveu a
música “Palha de Arroz”, que retrata com saudosismo a época em que o rio teve
seu apogeu sendo muito importante para a vida do Estado do Piauí.
Palha de Arroz
“O rio beirando a rua
Num arremedo de cais
O vapor de Parnarama
Chegando de Palmeirais
O velho homem do porto
De olhos postos no rio
Sentido todo o vazio
De sua pobreza em paz
Maria boca da noite
na pensão familiar
Tem nos olhos de manhã
A luz clara do luar
Cadê teu povo noturno
Teu povo maior Maria
Teus operários da noite
Nas oficinas do dia
Ali onde habitou
A rua cheia de tédio
Hoje mora outra dor
Feita de casa e de
prédios
Já nem sei se essa rua
Realmente existiu
Ou se foi obra de algum
Bêbado
Num acesso de poesia
Vendo no rio outro
Sonho
Mais refletido que a lua
Inventou um cais
Tristonho
E os habitantes da rua”.
Fonte: Piauí Terra Querida, de Eneas Barros.
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