segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Dia da Consciência Negra



Dia da Consciência Negra

 

 


        Hoje no dia da consciência negra,  escrevo para homenagear todos os afrodescendentes  do nosso país e agradecer ao povo africano pela riqueza cultural que recebemos. Eu como brasileira fico feliz por possuir características afrodescendentes, algo  que todos nós devemos nos orgulhar. Os afrodescendentes foram guerreiros porque sempre lutaram contra as crueldades praticadas por seus algozes. Hoje  o grande algoz da humanidade é o preconceito, inimigo invisível que precisamos destruir, para que possamos construir uma sociedade justa  livre de qualquer forma de discriminação, porque  o legal é sermos diferentes mas humanamente iguais. E para homenagear este dia apresento a carta de uma escrava guerreira, que soube reivindicar seus direitos perante as autoridades. Esta carta foi encontrada pelo historiador e professor Luiz Mott, a carta foi escrita em 06/09/1770 pela escrava Esperança Garcia. No  Portal do Sertão o professor relata sobre quem foi Esperança Garcia:
 

    “ Esperança Garcia foi uma escrava moradora numa das dezenas de fazendas que com as expulsão dos jesuítas, passaram para administração governamental, e que em 1770 escreveu uma carta ao governador do Piauí denunciando os maus tratos de que era vítima por parte do feitor d fazenda.
      Salvo o erro é a segunda carta mais antiga conhecida no Brasil manuscrita e assinada por uma escrava negra, e que revela não só os sofrimentos a eu estavam condenados os cativos, mas também o fato de já nos meados  do séc. XVIII a ver mulheres negras alfabetizadas e suficientemente politizadas para reivindicarem seus direitos e denunciarem às autoridades os desmandos de prepostos mais violentos. Além da felicidade de ter descoberto documento tão importante e raro, minha alegria foi maior ainda quando, anos depois, esta negra até então desconhecida, passou simbolizar o ideal de liberdade do negros do Piauí: Foi dado o nome de Esperança Garcia a uma hospital em Nazaré do Piauí, em Teresina ao coletivo de mulheres negras Esperança Garcia e o dia que datou sua carta, 6 de Setembro, passou a ser por lei a ser comemorado  O Dia Estadual da Consciência Negra. Para uma historiador é glória ter um seu personagem ressuscitado e elevado  a tantas homenagens  dois séculos depois de sua morte.” 



A Carta



“Eu sou uma escrava de V. Sa. Administração de Campam. Ant° Vieira de Couto, casada. Desde que o Campam. Lá foi adeministrar, q. me tirou da fazenda dos algodois, aonde vevia com meu marido, para ser cozinheira de sua caza, onde nella passo mto mal. A primeira hé q. há grandes trovoadas de pancadas em hum filho nem sendo uhã  criança q. lhe fez estarir sangue pela boca, emmim não posso espilcar q. sou hu colcham de pancadas, tanto q. cahy huã vez do sobrado abaccho peiada, por mezericordia de DS. Escapei.
A segunda estou eu e mais minhas parceiras por confessar a três annos. E huã criança minha e duas mais por batizar .Pello q. peço a V.S pelo amor de Ds. E do seu Valimto, ponha aos olhos em mim ordinando digo mandar a Procurador que mande p. a fazda.aonde ele me tirou pa eu viver com meu marido e batizar minha filha q.De V.Sa. sua escrava Esperança Garcia.”

Fonte: Joaquim Luiz Mendes d Almeida Vulgo Joca Oeiras, assessor de imprensa da Fundação Nogueira Tapety- FNT. Um rosto para Esperança Garcia. Disponível em http: // www.fnt.org.br/reportagens. Php? Id= 373-Acesso: 25/10/2008 apud História do Piauí de NUNES, Maria Cecília silva de Almeida. Editora Grafset, 2011.  4°/5° ano.   

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