Dia da Consciência Negra
Hoje no dia da consciência negra, escrevo para homenagear todos os
afrodescendentes do nosso país e
agradecer ao povo africano pela riqueza cultural que recebemos. Eu como
brasileira fico feliz por possuir características afrodescendentes, algo que todos nós devemos nos orgulhar. Os
afrodescendentes foram guerreiros porque sempre lutaram contra as crueldades
praticadas por seus algozes. Hoje o
grande algoz da humanidade é o preconceito, inimigo invisível que precisamos destruir,
para que possamos construir uma sociedade justa livre de qualquer forma de discriminação,
porque o legal é sermos diferentes mas
humanamente iguais. E para homenagear este dia apresento a carta de uma escrava
guerreira, que soube reivindicar seus direitos perante as autoridades. Esta
carta foi encontrada pelo historiador e professor Luiz Mott, a carta foi
escrita em 06/09/1770 pela escrava Esperança Garcia. No Portal do Sertão o professor relata sobre quem
foi Esperança Garcia:
“ Esperança Garcia foi uma escrava moradora numa das dezenas
de fazendas que com as expulsão dos jesuítas, passaram para administração
governamental, e que em 1770 escreveu uma carta ao governador do Piauí
denunciando os maus tratos de que era vítima por parte do feitor d fazenda.
Salvo o erro é a segunda carta mais antiga conhecida no
Brasil manuscrita e assinada por uma escrava negra, e que revela não só os
sofrimentos a eu estavam condenados os cativos, mas também o fato de já nos
meados do séc. XVIII a ver mulheres negras
alfabetizadas e suficientemente politizadas para reivindicarem seus direitos e
denunciarem às autoridades os desmandos de prepostos mais violentos. Além da
felicidade de ter descoberto documento tão importante e raro, minha alegria foi
maior ainda quando, anos depois, esta negra até então desconhecida, passou
simbolizar o ideal de liberdade do negros do Piauí: Foi dado o nome de
Esperança Garcia a uma hospital em Nazaré do Piauí, em Teresina ao coletivo de
mulheres negras Esperança Garcia e o dia que datou sua carta, 6 de Setembro,
passou a ser por lei a ser comemorado O
Dia Estadual da Consciência Negra. Para uma historiador é glória ter um seu
personagem ressuscitado e elevado a
tantas homenagens dois séculos depois de
sua morte.”
A Carta
“Eu sou uma escrava de V. Sa. Administração de Campam. Ant°
Vieira de Couto, casada. Desde que o Campam. Lá foi adeministrar, q. me tirou
da fazenda dos algodois, aonde vevia com meu marido, para ser cozinheira de sua
caza, onde nella passo mto mal. A primeira hé q. há grandes trovoadas de
pancadas em hum filho nem sendo uhã
criança q. lhe fez estarir sangue pela boca, emmim não posso espilcar q.
sou hu colcham de pancadas, tanto q. cahy huã vez do sobrado abaccho peiada,
por mezericordia de DS. Escapei.
A segunda estou eu e mais minhas parceiras por confessar a
três annos. E huã criança minha e duas mais por batizar .Pello q. peço a V.S
pelo amor de Ds. E do seu Valimto, ponha aos olhos em mim ordinando digo mandar
a Procurador que mande p. a fazda.aonde ele me tirou pa eu viver com meu marido
e batizar minha filha q.De V.Sa. sua escrava Esperança Garcia.”
A Carta
“Eu sou uma escrava de V. Sa. Administração de Campam. Ant°
Vieira de Couto, casada. Desde que o Campam. Lá foi adeministrar, q. me tirou
da fazenda dos algodois, aonde vevia com meu marido, para ser cozinheira de sua
caza, onde nella passo mto mal. A primeira hé q. há grandes trovoadas de
pancadas em hum filho nem sendo uhã
criança q. lhe fez estarir sangue pela boca, emmim não posso espilcar q.
sou hu colcham de pancadas, tanto q. cahy huã vez do sobrado abaccho peiada,
por mezericordia de DS. Escapei.
A segunda estou eu e mais minhas parceiras por confessar a
três annos. E huã criança minha e duas mais por batizar .Pello q. peço a V.S
pelo amor de Ds. E do seu Valimto, ponha aos olhos em mim ordinando digo mandar
a Procurador que mande p. a fazda.aonde ele me tirou pa eu viver com meu marido
e batizar minha filha q.De V.Sa. sua escrava Esperança Garcia.”
Fonte: Joaquim Luiz Mendes d Almeida Vulgo Joca Oeiras,
assessor de imprensa da Fundação Nogueira Tapety- FNT. Um rosto para Esperança
Garcia. Disponível em http: // www.fnt.org.br/reportagens.
Php? Id= 373-Acesso: 25/10/2008 apud História do Piauí de NUNES, Maria Cecília
silva de Almeida. Editora Grafset, 2011.
4°/5° ano.
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