Poesia Carnaval
Hoje publico uma bela poesia de Da Costa e Silva (1885-19950),
poeta piauiense nascido em Amarante. Desde criança “tinha mágica nos dedos “
(Moraes,1997p. 21), pois era hábil não apenas na arte poética, mas na confecção
de máscaras carnavalescas para o disfarce
dos foliões nas festas de momo, em sua
terra natal. Este poema Carnaval foi publicado em 1930, no jornal Correio do
Povo de Porto Alegre e está incluso na parte intitulada “Alhambra”, de suas
poesias completas (Silva,2000) publicação póstuma. Neste poema o poeta revela
as emoções vividas pelos foliões durante esta festa popular marcada pela alegria
e pela fantasia da transformação pessoal personificada por cada sujeito durante
esta festividade.
Pesquisa: Cadernos de Teresina, ano XXIV n41, fevereiro de
2010.
Carnaval
Amplo salão alucinado de luz, música e perfume
O éter germina sensações de alegria e volúpia
Chove confete, granizos em pedrarias multicores
Redemoinho de cantáridas
cambiantes
Discos arremessados de serpentinas sibilam silvam serpentes
Nas espirais do íris multiplicado enleando a multidão
Aliança da Loucura
Cantam clarins de claridade no ar
Carnaval
Carnaval
Carnaval
Ritmos em tempestade
Trepida e cheira a atmosfera
O demônio dramático do delírio anda solto
Mefistófeles aguça o instinto da liberdade
E pierrôs e arlequins príncipes e palhaços
Colombinas e
gitanas bayaderas e manolas lá vêm, lá
vão
No vórtice violento
Ilusão da ventura
A vida é uma girândola na alvorada
Ao retinir dos guizos de vidro na Folia
Evoé! Evoé!
Eia à festa febril e fugaz dos sentidos
A torrente da vida transbordando em três dias
As horas como as ondas se avolumam nos volteios
Da dança
A valsa abre sonhando o alvo leque de plumas
O tango lento e lânguido é um idílio na sombra
O Charleston- jogral do jazz- cutuca os calcanhares
O maxixe move e morde macio a marreta dos músculos
E tudo dança
Tudo dança
Tudo dança
Síncope do gozo
A pele de asno dos zabumbas
Zoa, zumbindo, zona:
MOMO!
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