Santa Inquisição
O termo Inquisição refere-se a várias instituições dedicadas
à supressão da heresia no seio da Igreja Católica. A Inquisição foi criada
inicialmente para combater o sincretismo entre alguns grupos religiosos, que
praticavam a adoração de plantas e animais e utilizavam mancias.[1] A
Inquisição medieval, da qual derivam todas as demais, foi fundada em 1184 no
Languedoc (sul da França) para combater a heresia dos cátaros ou albigenses. Em
1249, implantou-se também no reino de Aragão, como a primeira Inquisição
estatal e, já na Idade Moderna, com a união de Aragão e Castela, transformou-se
na Inquisição espanhola (1478 - 1834), sob controle direto da monarquia
hispânica, estendendo posteriormente sua atuação à América. A Inquisição
portuguesa foi criada em 1536 e existiu até 1821). A Inquisição romana ou
"Congregação da Sacra, Romana e Universal Inquisição do Santo Ofício"
existiu entre 1542 e 1965.
O condenado era muitas vezes responsabilizado por uma
"crise da fé", pestes, terremotos, doenças e miséria social,[2] sendo
entregue às autoridades do Estado, para que fosse punido. As penas variavam
desde confisco de bens e perda de liberdade, até a pena de morte, muitas vezes
na fogueira, método que se tornou famoso, embora existissem outras formas de
aplicar a pena.
Os tribunais da Inquisição não eram permanentes, sendo
instalados quando surgia algum caso de heresia e eram depois desfeitos.
Posteriormente tribunais religiosos e outros métodos judiciários de combate à
heresia seriam utilizados pelas igrejas protestantes[3] (como por exemplo, na
Alemanha e Inglaterra[4]). Embora nos países de maioria protestante também
tenha havido perseguições - neste caso contra católicos, contra reformadores
radicais, como os anabatistas, e contra supostos praticantes de bruxaria, os
tribunais se constituíam no marco do poder real ou local, geralmente ad-hoc, e
não como uma instituição específica.
O delator que apontava o "herege" para a
comunidade, muitas vezes garantia sua fé e status perante a sociedade.[5] A caça
às bruxas não foi perpetrada pela Inquisição, mas sim por Estados e tribunais
civis independentes, sem reais ligações com a Inquisição[1]".
Ao contrário do que é comum pensar, o tribunal do Santo
Ofício era uma entidade jurídica e não tinha forma de executar as penas. O
resultado da inquisição feita a um réu era entregue ao poder secular.
A instalação desses tribunais era muito comum na Europa a
pedido dos poderes régios, pois queriam evitar condenações por mão popular. Diz
Oliveira Marques em História de Portugal, tomo I, página 393: «(…) A Inquisição
surge como uma instituição muito complexa, com objetivos ideológicos,
econômicos e sociais, consciente e inconscientemente expressos. A sua
atividade, rigor e coerência variavam consoante a época.»
No século XIX, os tribunais da Inquisição foram suprimidos
pelos estados europeus, mas foram mantidos pelo Estado Pontifício. Em 1908, sob
o Papa Pio X, a instituição foi renomeada "Sacra Congregação do Santo
Ofício". Em 1965, por ocasião do Concílio Vaticano II, durante o
pontificado de Paulo VI e em clima de grandes transformações na Igreja após o
papado de João XXIII, assumiu seu nome atual - "Congregação para a
doutrina da Fé".
Protestantismo
O Protestantismo é um dos principais ramos (juntamente com a
Igreja Romana e a Igreja Ortodoxa) do cristianismo. Este movimento iniciou-se
na Europa Central no início do século XV como uma reação contra as doutrinas e
práticas do catolicismo romano medieval.[1] Os protestantes também são
conhecidos pelo nome de evangélicos.[2] No entanto, no contexto brasileiro, o
nome 'protestante' deve ser usado mais corretamente para se referir às igrejas
oriundas da Reforma Protestante, como a Presbiteriana, a Luterana, Anglicana e
Batista; e o termo 'evangélico' é mais utilizado para se referir aos
pentecostais e neopentecostais.[3]
As doutrinas das inúmeras denominações protestantes variam,
mas muitas incluem a justificação por graça mediante a fé somente, conhecido
como Sola fide, o sacerdócio de todos os crentes, e a Bíblia como única regra
em matéria de fé e ordem, conhecido como Sola scriptura.
No século XVI, seguidores de Martinho Lutero fundaram
igrejas "evangélicas" na Alemanha e Escandinávia. As igrejas
reformadas (ou presbiterianas) na Suíça e França foram fundadas por João
Calvino e também por reformadores como Ulrico Zuínglio. Thomas Cranmer reformou
a Igreja da Inglaterra e depois John Knox fundou uma comunhão calvinista na
Igreja da Escócia.
Etimologia
O termo protestante é derivado (via francês ou alemão
Protestant[4]) do latim protestari.[5][6] Significa declaração
pública/protesto, referindo-se à carta de protesto por príncipes luteranos
contra a decisão da Dieta de Speyer de 1529, que reafirmou o Édito de Worms de
1521, banindo as 95 teses de Martinho Lutero do protesto contra algumas crenças
e práticas da Igreja Católica do século XVI.
O termo protestante não foi inicialmente aplicado aos
reformadores, mas foi usado posteriormente para descrever todos os grupos que
protestavam contra a Igreja Católica.
Desde aquele tempo, o termo protestante tem sido usado com
diversos sentidos, muitas vezes como um termo geral para significar apenas os
cristãos que não pertencem à Igreja Católica, Ortodoxa ou Ortodoxa Oriental
(inclusive àqueles cristãos que não pertencem à Igreja Anglicana, pois esta
mesma não se auto-define como católica ou protestante).
Luteranismo
Martinho Lutero, um Católico Romano fervoroso, decidiu
entrar para o claustro num mosteiro Agostiniano, sendo ordenado padre em 1507.
Segundo alguns historiadores, isto ocorreu devido a um acontecimento
sobrenatural, no qual ele sobreviveu a uma tempestade na estrada, após ter
dito: "Ajuda-me Santa Ana! E torna-me-ei monge!".
Confissão de Agsburgo " Trecho do filme Lutero".
No mosteiro, Lutero vivia em angústias e desespero por
dúvidas que tinha sobre seus méritos espirituais. Quanto mais refletia, tanto
mais cresciam suas dúvidas e incertezas. Não possuía, por isso, paz de alma e
via Deus como um severo juiz pronto a castigar os pecadores.
Lutero tornou-se Doutor em Teologia e passou a lecionar na
Universidade de Wittenberg. Sendo um dos privilegiados a ter acesso a uma
Bíblia, Lutero desenvolveu nova visão teológica lendo as palavras de Romanos
1.17: "mas o justo viverá pela fé".[1] Ele dizia que o perdão e a
vida eterna não são conquistados por nós mediante as obras, mas nos são dados
gratuitamente mediante a fé em Jesus Cristo, o que Lutero afirmou com base na
Epístola aos Efésios, capítulo 2, versículos 8 e 9: "Porque pela graça
sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das
obras, para que ninguém se glorie."[2]
Em 1517, na Alemanha, o professor e monge Martinho Lutero
fixou à porta da Catedral de Wittenberg 95 teses criticando a atuação do Papa e
do alto clero. Elas se propagaram rapidamente, mesmo com a intervenção da
Igreja. Lutero foi apoiado por parte da população e pela nobreza que, desejosa
de conquistar novas terras sob domínio de Roma (na região da atual Alemanha), o
protegeram da perseguição do papa, poupando-o da fogueira, mas não da
excomunhão.
Alguns exemplos das teses de Lutero:
Assista o filme e reflita historicamente sobre os objetivos de Lutero, e compare com que a igreja evangélica está pregando hoje.
"Tese 27: Pregam a doutrina humana os que dizem que,
tão logo seja ouvido o tilintar da moeda lançada na caixa, a alma sairá
voando."
"Tese 32: Serão condenados em eternidade, juntamente
com seus mestres, aqueles que se julgam seguros de sua salvação através de
cartas de indulgência."
"Tese 86: Por que o papa, cuja fortuna é hoje maior que
a dos mais ricos crassos, não constrói com seu próprio dinheiro ao menos a
Basílica de São Pedro, em vez de fazê-lo com o dinheiro dos pobres fiéis?"
Lutero, então, passou a participar de vários debates
teológicos com autoridades civis e eclesiásticas que tentavam fazê-lo abrir mão
de suas ideias e retratar-se de críticas à Igreja e ao Papa. Em 1520, Lutero
foi excomungado pelo Papa e, no mesmo ano, queimou a Bula de Excomunhão em
praça pública, rompendo assim com a Igreja Católica da época. Em 1530, surgiu a
Confissão de Augsburgo que foi escrita por Lutero e Melanchthon, um fiel
companheiro seu. Este documento trazia um resumo dos ensinos luteranos.
Uma das principais preocupações de Lutero era que todas as
pessoas pudessem ler o livro no qual os ensinamentos da Igreja Católica
estariam escritos e assim poderem tirar suas próprias conclusões. Por isto
Lutero traduziu a Bíblia para o alemão para que todos pudessem lê-la em sua
própria língua. Alguns anos mais tarde, a bíblia foi traduzida para o inglês,
francês e espanhol as pessoas passaram a ler a Bíblia e terem suas próprias
conclusões. Aos poucos a Igreja Católica foi perdendo poder e influência.
Depois de Lutero, a Igreja Católica nunca mais conseguiu exercer o forte
domínio sobre a Europa como tinha antes da Reforma Protestante.
Vamos evitar a Santa Inquisição dos tempos modernos.
Uma das maiores aberrações religiosa do país.
Já venho falando há bastante tempo que tomar alguma
providência contra o crescimento desordenado de certas seitas religiosas,
principalmente as chamadas “igrejas midiáticas” (Valdemiro Santiago, Bispo
Macedo, R. R. Soares e Silas Malafaia são os maiores exemplos), não é mais apenas
uma questão puramente religiosa, mas uma questão social de extrema importância
para todos.
Algumas pessoas evitam críticas a essas religiões alegando
que “religião é algo pessoal e ninguém deve julgar essas denominações”. Porém,
costumo dizer que desde a década de 90, a questão essencialmente religiosa já
não é mais o cerne dessas organizações. Elas começam a extrapolar o âmbito
religioso a partir do momento em que começam a interferir nos temas sociais e
políticos, que concernem ao coletivo. Isso é algo que todos devem pensar com
bastante calma.
Lobo disfarçado de cordeiro.
A maioria dessas igrejas chamadas de “igrejas midiáticas”
(igrejas que cresceram gastando rios de dinheiro com programas de TV) realizam
muitas atitudes deploráveis e ilegais. Elas roubam dinheiro dos seus fieis
desviando-os para si mesmos, possuem programas de TV onde vêm angariando cada
vez mais adeptos, lavam dinheiro de empresas para corrupção e desvio de
recursos, e o mais importante: estão se infiltrando nos meandros da política e
interferindo direta ou indiretamente na vida de todos nós. Fazem isso com a
aprovação ou rejeição de projetos de lei que nos afetam diretamente, com decisões
políticas, ou mesmo com negociatas sujas nos bastidores do poder. Muitas vezes
esses projetos criados por líderes religiosos visam impor suas próprias ideias
dogmáticas a respeito de um tema, como por exemplo impedir o casamento gay.
"Africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé"
Segundo o pastor Marco Feliciano.
Um outro pequeno exemplo são os deputados da bancada
evangélica tentarem, com um projeto de lei, mudar os princípios do conselho de
psicologia a respeito da homossexualidade. Isso seria uma interferência direta
no Conselho de Psicologia, que se baseia em pressupostos científicos, e é algo
que a sociedade não deve em hipótese alguma aceitar. Sabemos também como esses
grupos fazem muitas campanhas não apenas contra os homossexuais, mas também
contra as religiões afrobrasileiras. Um exemplo extremo do fanatismo desses
grupos foi a destruição de um templo de umbanda de quase 100 anos no Rio de
Janeiro por quatro fanáticos evangélicos. As investigações demonstraram que o
líder religioso desses quatro vândalos fazia discursos constantes contra as
religiões afrobrasileiras, incitando o ódio e a discriminação religiosa.
Vale a pena ver de novo, e refletir sobre a imposição de ideias ultrapassadas e preconceituosas
contra gays e a diversidade familiar, o direito das mulheres (ao divorcio), intolerância a outras religiões.
"Tese 86: Por que o papa, cuja fortuna é hoje maior que
a dos mais ricos crassos, não constrói com seu próprio dinheiro ao menos a
Basílica de São Pedro, em vez de fazê-lo com o dinheiro dos pobres fiéis?"
Analise a tese de Lutero, e compare quando o Malafai diz " O pastor tem que ganhar muito bem, ta na Bíblia".
Analise a tese de Lutero, e compare quando o Malafai diz " O pastor tem que ganhar muito bem, ta na Bíblia".
Um outro exemplo de cerceamento de liberdade foi o boicote
que grupos evangélicos fizeram a uma estátua de Iemanjá, na cidade de São
Vicente. Houve uma movimentação de políticos evangélicos para impedir a
construção da estátua em local público. Os evangélicos que protestaram alegam
que o espaço público não pode ser apropriado por grupos religiosos, pois a
democracia e a diversidade de cultos deve prevalecer. Se isso fosse minimamente
real no Brasil, deveríamos retirar todas as estátuas de santos que existem
espalhados abundantemente em diferentes regiões e cidades do Brasil. Existem
centenas de estátuas religiosas em locais públicos. O próprio Cristo Redentor
deveria ser retirado, pois também é uma imagem religiosa. Esse caso ilustra bem
como alguns grupos religiosos sectários e intolerantes, em especial algumas
seitas evangélicas, tentam cercear a liberdade de culto e interferir
diretamente nos assuntos da sociedade, além de impor suas convicções ao estado
brasileiro. Isso demonstra claramente como a sociedade precisa se mobilizar a
fim de impedir o crescimento da intolerância religiosa de alguns grupos mais
radicais.
A hipocrisia em pessoa.
Tudo isso implica em dizer que há muito tempo o crescimento
dessas igrejas já deixou de ser um caso apenas de “não julgar” outras
religiões, mas sim uma questão social e política de extrema importância, que
daqui a uns 5 ou 10 anos, caso nada seja feito, vai começar a interferir mais
pesadamente em nossas vidas para pior. Isso pode ser visualizado no grande
poder político que hoje possuem certas igrejas, que em todas as eleições elegem
políticos: deputados, senadores, vereadores e prefeitos. Pessoas que têm o
poder nas mãos para modificar a estrutura da legislação brasileira e molda-la
dentro do seu próprio conjunto de crenças, como impedir o casamento
homossexual, interferir no conselho de psicologia, impor o ensino religioso nas
escolas, dentre outras ações. Vale lembrar que uma recente pesquisa demonstrou
que os parlamentares da chamada “bancada evangélica” estão entre os mais
ineficientes do congresso: possuem menos elaborações de projetos de lei e estão
também entre os mais faltosos. O que por si só já evidencia o quanto não
interessa à política brasileira o crescimento da bancada evangélica no congresso
nacional, nos estados e nos municípios. A política deve ser um espaço de
diversidade, e não de invasão de grupos religiosos que desejam apenas impor
suas crenças a sociedade.
A ignorância acima da espiritualidade.
Imaginem como ficarão os homossexuais, os umbandistas, os
candomblecistas, e até os espíritas se um evangélico fundamentalista virar
presidente da república. Com a quantidade de adeptos que essas seitas possuem,
isso não é difícil imaginar que isso de fato possa ocorrer daqui a alguns anos.
Então vamos pensar seriamente nesse tema, pois há muito
tempo que tudo isso não se trata apenas de criticar uma religião, respeitar a
escolha religiosa, ou “julgar” os líderes religiosos e seus adeptos. A questão
dessas igrejas já ultrapassou o âmbito estritamente religioso e se tornou um
problema social que todos devem olhar com bastante atenção, antes que seja
tarde demais.
(Hugo Lapa)